Aperte [ esc ] ou feche+

Blog Details

15

Feb

Autor

Categoria

Economia

A Sharp volta a sorrir

Globetrotter: Antes de chegar ao Brasil, Hitoshi Kagawa, presidente, atuou nas filiais de Sydney e de Londres ( foto: Luisa Santosa)

Desde 1997, o economista Hitoshi Kagawa está fora de sua terra natal, o Japão. Nesse período, ele atuou na subsidiária da Sharp Corporation em Sydney e em Londres, onde foi o responsável por definir as estratégias da operação. Em outubro de 2009, o executivo desembarcou por aqui para assumir o posto de diretor-presidente da Sharp Brasil. Um detalhe, porém, chama a atenção. Até hoje ele não conseguiu se tornar fluente em português. E como tropeça nas palavras mais básicas do idioma, Kagawa se comunica com os subordinados e clientes apenas em inglês.

Mas, se o idioma local ainda é um desafio, o mesmo não se pode dizer da língua dos negócios. Segundo ele, a caçula entre as 26 filiais da gigante japonesa vem concentrando seus esforços no chamado B2B, além da esfera governamental: prefeituras, governos estaduais e empresas estatais. Para fisgá-los, Kagawa conta com a ajuda dos 22 funcionários que dão expediente na subsidiária, situada em um conjunto de salas na avenida Paulista, um dos principais centros financeiros da cidade de São Paulo. “Nosso foco, agora, é o mercado corporativo”, afirma.

Para amplificar as ações da Sharp por aqui, o executivo mandou sua equipe estruturar uma série de road shows em cidades como Rio de Janeiro, Recife, Distrito Federal e Porto Alegre. A ideia é mostrar aos atuais clientes e aos potenciais compradores as novidades na área de equipamentos multifuncionais. “Testamos esse modelo no ano passado e deu resultados”, afirma. “Por isso, vamos intensificar essa fórmula.” Apesar de não revelar valores, ele diz que, para este ano, a meta é ampliar os investimentos em marketing. O principal deles será com a participação na feira Expoprint Digital, uma das mais importantes vitrines do setor e que começa na quarta-feira 18, em São Paulo.

Kagawa se diz animado. Afinal, o segmento de impressoras a laser movimenta US$ 400 milhões, no Brasil, e os japoneses já começam a se impor nesta área. “Fechamos 2014 nas primeiras posições em alguns nichos de impressoras multifuncionais”, afirma, sem, no entanto, abrir os números. Mas e o segmento de TVs de tela fina, no qual a Sharp foi uma das pioneiras em nível global? “O Brasil é considerado como um mercado muito importante para a companhia, entretanto ainda é igualmente duro e muito competitivo”, diz. “Por isso, estamos indo devagar.” Não será por falta de portfólio que os japoneses deixarão de conquistar o Brasil, após um longo período de ausência.

Hoje, a Sharp em nada lembra a empresa que começou em 1912, quando o empreendedor Tokuji Hayakawa inventou uma lapiseira batizada de Ever-Sharp, numa referência ao fato de que, ao contrário do lápis, o produto não precisava ser apontado. De suas fábricas saem milhares de televisores, aparelhos telefônicos, máquinas de lavar, geladeiras e mais uma dúzia de itens. Sem contar impressoras, telas de LCD sensíveis ao toque, telas para smartphones e até painéis de energia solar. Este portfólio garante à Sharp uma receita anual em torno de US$ 30 bilhões nos 164 países nos quais opera.

No Brasil, a história da Sharp começou a ser reescrita em 2011, quando os japoneses, enfim, assumiram a marca. Até 2000, o nome esteve nas mãos da família Machline, que atuava sob um contrato de licenciamento. A falência do grupo Machline jogou a Sharp em uma espécie de limbo jurídico, fazendo com que inúmeros importadores independentes se proclamassem seus representantes oficiais. O que todos queriam era surfar no prestígio conquistado nas décadas de 1980 e 1990, quando a Sharp liderou os segmentos de TVs e de videocassetes. Hoje, cabe ao japonês globetrotter resgatar esse passado de glória.

(fonte: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20150319/sharp-volta-sorrir/241495.shtml)